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Por: Eng. Mecânico M.Sc Gustavo Cardoso Moreira
E-mail: gustavo.moreira@climacariocarj.com.br
Mas falar é fácil, vamos examinar o caso real, o ganho em eficiência energética obtido pelo referido cliente, através do projeto integrado de um sistema de recuperação de energia, ao sistema de climatização com tecnologia VRF.
O cliente acima optou por sistema fabricado pela HITACHI, com compressores Inverter de capacidades, 8, 14 e 18 HP; as unidades internas dividiam-se em Cassetes, Built-Ins, Pisos-Tetos, e uma unidade AHU* com válvula de expansão eletrônica externa; com sistema de controle integrado para gestão simplificada.
É sempre bom lembrar, não existe sistema de climatização profissional sem algum tipo de renovação de ar, este item é essencial, conforme as normas brasileiras [1].
Neste caso, quase um terço da carga térmica gerada no escritório seria devido ao ar de renovação - 31,9% para ser mais exato. Ora, adotando um equipamento chamado Recuperador de Calor, que pode ser encontrado por alguns fabricantes no mercado brasileiro, e planejando a admissão e descarga em pontos estratégicos de forma a complementar o fluxo de ar insuflado pelo sistema de climatização VRF, a contribuição energética devido ao ar exterior caiu para 14,6%, esta é uma redução de 6,5 TR (Toneladas de Refrigeração) ou 78.000 Btu/h!
Podemos determinar o quanto isso se traduz em consumo de eletricidade, usando o índice de eficiência energética (EER) do equipamento de nosso cliente, e fizemos isso.
Veja, após um mês de trabalho em horário comercial, sabendo que nosso cliente desligará os equipamentos no período noturno para economizar energia (o projeto prevê um modo de operação reserva, para a sala de servidores), serão economizados 6034 kWh, em um ano serão 72408 kWh de energia salva, tudo isto com um bom planejamento, e o uso do equipamento adequado.
Considere isto da próxima vez que alguém questionar o valor de fazer um projeto, bem planejado, para sua próxima obra de climatização!
* Air Handling Unit, também popularmente conhecido como Splitão - é um equipamento para climatização de áreas abertas como salões de lojas, espaços para eventos, salões de escritórios, onde o uso de unidades menores não seria econômico, ou tecnicamente viável.
[1] NBR 16401:2008 parte 3 e ANVISA RE-09.
(publicada em 21/06/2022 por Gustavo Cardoso Moreira)
Por: Eng. André Rodrigues de Carvalho
andre.carvalho@climacariocarj.com.br
Por: Eng. Maxwell Santos Nazario
maxwell.nazario@climacariocarj.com.br
Para essa questão temos duas soluções comumente utilizadas na construção civil: vigotas justapostas e vigas chatas.As vigotas justapostas nada mais são que vigotas sendo assentadas em sequência, sem lajotas cerâmicas entre elas. Essa solução é muito comum, porém é necessário ressaltar que devem ser feitas as verificações estruturais das vigotas, para saber se as mesmas serão capazes de absorver as cargas da parede sem deformações excessivas. Para isso devemos sempre consultar o fabricante das vigotas, para colher todos os dados de fabricação das lajes, como bitolas das barras de aço das treliças, e até mesmo o traço de concreto utilizado na fabricação.
E neste ponto temos um problema, pois o que temos hoje são inúmeras fabricas clandestinas de lajes pré-fabricadas, onde não há nenhum acompanhamento técnico ou controle de qualidade no processo de fabricação, e essa incerteza na real qualidade do material pode prejudicar esse método construtivo, devendo restringir-se apenas quando se tem certeza da procedência do produto, que deve ser oriundo de fornecedores que contenham em seu quadro técnico, um Engenheiro Civil e um controle de qualidade criterioso. Contudo, o Brasil é bem servido de normativas na área e os conhecimentos estão bastante consolidados nas NBR’s: 14859-1, 14859-2, 14860-1, 14860-2 e 14862.
A segunda metodologia utilizando vigas chatas, ao contrário da anterior, depende exclusivamente do Engenheiro responsável pelo projeto. Uma vez que deve ser dimensionada uma viga de altura igual ou ligeiramente inferior à espessura da laje e sua base de acordo com o dimensionamento, sendo comum adotar inicialmente 30 cm, para a utilização de tábuas de fácil acesso no mercado. O que faz jus ao nome “viga chata”, onde a altura é inferior à sua base.
O dimensionamento deve seguir os mesmos princípios de vigas comuns utilizadas para apoios das lajes, contemplando todos os parâmetros estipulados pela NBR 6118/2014, que trata dos procedimentos para o cálculo e detalhamento de estruturas em concreto armado. Ambas as soluções apresentadas devem ser consideradas antes da execução da obra, que é o momento exato para que todas as variáveis do projeto devem ser discutidas entre os profissionais envolvidos e as soluções propostas para assegurar uma perfeita harmonia entre o projeto arquitetônico, estrutural e a execução da obra.
No caso de reformas com mudanças de layout e previsão de novas paredes sobre as lajes, as verificações iniciais de alinhamento das paredes, paralelo ou perpendicular às vigotas, são as mesmas descritas anteriormente. Porém, as soluções de reforço da laje para receber esse acréscimo de carga, ficam a cargo do engenheiro responsável, podento ser utilizado como reforço, vigas metálicas, por exemplo.
Mas não importa em qual das situações o cliente se encontre, em todos os casos o acompanhamento profissional é indispensável para garantir o atendimento que todas as normas vigentes e pertinentes serão cumpridas, atestando a qualidade e segurança de seu projeto/obra.
Palavras-chave: Lajes treliçadas; paredes sobre laje.
FONTE:
- NBR 6118/2014 – Estruturas de concreto armado –
procedimento;
- NBR – 6120 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações.
- NBR 14859-1 - Laje pré-fabricada - Requisitos - Parte 1: Lajes unidirecionais
- NBR 14859-2 - Laje pré-fabricada - Requisitos - Parte 2: Lajes bidirecionais
- NBR 14860-1 - Laje pré-fabricada - Pré-laje - Requisitos - Parte 1: Lajes unidirecionais
- NBR 14860-2 - Laje pré-fabricada - Pré-laje - Requisitos - Parte 2: Lajes bidirecionais
- NBR 14862 - Armaduras treliçadas eletrossoldadas - Requisitos
(publicada em 16/08/2020 por Maxwell Santos Nazario)
Por: Eng. André Rodrigues de Carvalho
andre.carvalho@climacariocarj.com.br
É evidente que mais do que nunca, quando nos encontramos diante de um vírus que já infectou mais de 2,4 milhões de brasileiros e possui uma taxa de mortalidade de 3,6 em cada 100 brasileiros, temos que nos preocupar com como o vírus é transmitido: a resposta parece estar nos aerossóis, que são partículas que ficam em supensão no ar e que podem atuar como veículos de disseminação de material contaminado. Segundo a US EPA (2011), os aerossóis possuem partículas inaláveis de tamanhos menores que 0,5 µm. Essas partículas são disseminadas no ar quando falamos, espirramos ou mesmo respiramos e segundo Doremalen et al (2020) o vírus pode ficar estável no ar por até 3 horas. O ar condicionado atuaria disseminando essas partículas ultrafinas e respiráveis pelas vias aéreas humanas contaminando as pessoas com o SARS-COV-2.
Esse tipo de material particulado (MP), exige dos engenheiros que requisitem a melhor classe de filtragem disponível, que vise diminuir as chances dessas partículas chegarem até as pessoas. Contudo, a ausência de capital, falta de conhecimento técnico, ausência de informações confiavéis, tem levado os profissionais de AVAC-R, a usar soluções tímidas e muitas vezes sem o efeito desejado na qualidade do ar interior, em geral, consistindo em recirculador de ar com filtragem do ar interior por meio de unidades de filtragem munidas de filtros finos ou filtros Hepa H14 (95% de eficiência MP 0,3 micrômetros) em ambientes de consultórios médico e até em salas cirúrgicas, outros ambientes como lojas, tem sido operados com portas e janelas abertas e o velho split ligado, adicionando uma carga térmica extra e sem ventilação filtrada.
Ainda assim, a curva epidemiológica brasileira continua aumentando e condicionamento de ar de aliado passou a vilão. Uma solução eficaz estaria em uma adaptação do consagrado conceito de sala limpa, que poderia ser intensivamente aplicado em ambientes sem acesso a ventilação natural e de pequeno porte. Neste conceito, deve-se ter três pilares: ar exterior filtrado insuflado por ventilação mecânica, filtragem mínima nível Hepa ou superior e fluxo de ar laminar com retorno próximo ao piso. Os dois primeiros são facilmente obtidos pelas unidades compactas de filtragem e ventilação e um duto ligado a uma veneziana de ar exterior. O terceiro, carece de ar de retorno por meio de grelhas e dutos de ar próximo ao piso. Essa situação é bastante comum em centros cirúrgicos de hospitais onde no mínimo 70% do ar retornado é feito próximo ao piso conforme preconiza a NBR 7256:2005. No entanto, é preciso ir além, deve-se pensar em 100 % de retorno pelo piso, isso faria com que o ar particulado retornasse ao sistema, minimizando a incidência de turbulência no ar interno e o consequente risco de contato com as vias aéreas. O retorno de ar pelo piso pode ser filtrado e misturado com o ar externo em uma caixa de mistura e passagem por dois estágios de filtragem, um a montante, do tipo grosso (G4, M5 -NBR 16101:2012) e um absoluto a jusante ( H14 ou superior) do ventilador. A vazão de ar exterior, deve ser no mínimo as recomendadas pela RE-09 de 2003.
O sistema de renovação de ar é completado por um sistema de ar condicionado independente que pode ser split, VRF, fancoil ou selfs, com os devidos cuidados para garantir o conforto térmico. Os efeitos na qualidade do ar interior devem ser medidos por análise semestral de qualidade do ar e o sistema deve sofrer manutenção periódica com registro de atividades em PMOC. Os proprietários de ambiente condicionados mais do que nunca devem procurar um Engenheiro mecânico habilitado para adequar seus sistemas.
FONTE:
- UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (US EPA). Integrated Science Assessment for Particulate Matter. 2009. disponível em: Acesso em julho, 2020
- RESOLUÇÃO-09 ANVISA DE 2003 Qualidade do ar interior
- NBR 16101:2012, Filtros para partículas em suspensão no ar
- NBR 7256:2005, Tratamento de ar em estabelecimentos de saúde
- van Doremalen N, et al. Aerosol and Surface Stability of SARS- CoV-2 as Compared with SARS-CoV-1. 2020. The New England Journal of Medicine doi: 10.1056/NEJMc2004973
(publicada em 03/08/2020 por André Rodrigues de Carvalho)
Por: Eng. André Rodrigues de Carvalho
andre.carvalho@climacariocarj.com.br
(publicada em 29/06/2020 por André Rodrigues de Carvalho)